sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Cuidado que lá vem cuspe!

Sempre que eu moro ou visito algum lugar fora do meu país de origem fico atenta aos costumes dos nativos. Faço isso porque tento entender antes de fazer qualquer crítica ou colocação negativa sobre a cultura dos outros. Foi pensando nisso que há aproximadamente dois anos venho observando os chineses e seu modo tão diferente de ser. Não posso deixar de dizer que entre tantos costumes peculiares a estranha mania de cuspir e arrotar em público me chamou bastante a atenção. Só que chamou minha atenção de uma forma não tão positiva, ou seja, me incomodou muito.

Por favor, não cuspa no chão!



Para nós, ocidentais, esse tipo de comportamento é feio, deselegante e fere as normas da boa educação e higiene, certo? Mas, e para os chineses?
Para eles, acreditem, é a coisa mais natural do mundo; eles não se sentem nem um pouco constrangidos em realizar tal tarefa em público... e foi essa falta de constrangimento que me levou a querer saber o porquê de fazerem isso o tempo todo, em qualquer lugar, com a maior naturalidade. Então, fui atrás de fuçar algumas informações e descobri que esse costume está relacionado com uma tradição milenar que diz: se existe algo dentro de seu corpo que o incomoda e que, de alguma forma, possa te causar mal, você deve expulsá-lo imediatamente.
Vocês devem estar imaginando as milhares de situações desagradáveis pelas quais um estrangeiro recém-chegado em terras chinesas, como eu há dois anos, passa. Por exemplo, são cuspidas e arrotos que te pegam completamente desprevenida! Sim, minha gente, não é brincadeira, isso na China é coisa séria... ;)!


É bem verdade que aqui em Hong Kong eles são um pouco mais cuidadosos, mas basta atravessarmos a fronteira e entrarmos na China Continental para notarmos como esses hábitos estão ainda mais arraigados no dia a dia dos chineses. É uma prática tão comum entre eles, mas tão descabida para um estrangeiro, que nem tem como não causar uma sensação de desconforto. Vocês podem até achar que eu estou exagerando, mas quem já esteve na China sabe muito bem sobre o que estou falando!!
Já deu pra notar que não é nada fácil viver no país dos outros, não é nada fácil se enquadrar e conviver com costumes que a gente desconhece e tem 100% de certeza que nunca vai, e nem faz questão, de aprender.
Apesar de achar que devemos nos esforçar ao máximo para que a adaptação aconteça, apesar de achar importante ter a mente livre de preconceitos e abrir a cabeça para o novo para aprender a conviver com as diferenças - estou ciente de que com alguns hábitos, por mais esforço que façamos, nunca seremos capazes de nos habituar.
Eu sabia que  morar em um país com uma cultura tão distinta da minha não seria assim tarefa tão fácil. Sabia também que teria que conviver com coisas boas e com aquelas não tão boas assim... e digo pra vocês: eu tentei, juro que tentei, agir com naturalidade diante dessa mania tão descabida, mas não deu.
Sei que faz parte da cultura e respeito isso, mas os chineses que me desculpem, com esse hábito, tão tipicamente chinês, a expatriada aqui nunca conseguirá se adaptar. 
E você, já passou por alguma situação constrangedora no lugar onde vive? Conte, adoraria saber! 

domingo, 20 de janeiro de 2013

A culpa é das estrelas!

"Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam."

Eu tenho a mania de fugir de leituras que estejam relacionadas com doenças terminais, sobretudo quando as vítimas dessas doenças são pessoas ainda muito jovens e que deveriam ter, obrigatoriamente, uma vida longa e saudável pela frente. Sempre que fiz esse tipo de leitura, precisei alguns dias até me desvencilhar completamente de uma sensação de mal-estar.
Conversando com uma amiga sobre isso, ela me disse: mas livro bom é aquele que fica depois que a leitura passa. Aquele que de alguma forma consegue tocar o leitor - e deixa como marca essa sensação de inquietude, você não concorda? Sim, eu concordo! Pensando dessa forma, achei melhor deixar minha sensibilidade de lado um pouquinho e fui lá conferir.

O livro conta a história de Hazel, uma menina que foi diagnosticada com câncer de tireóide aos 13 anos de idade. Hazel, aos 16 anos e perto do estágio terminal de sua doença, é convencida pela mãe a participar de um grupo de apoio, onde outros adolescentes na mesma situação que ela se encontram para compartilhar experiências.
Durante esses encontros ela conhece Augustus, um rapaz de 17 anos, atraente e educado. Eles iniciam uma bonita amizade, apaixonam-se e começam a namorar.
Mas, afinal, o livro trata sobre o quê mesmo? Sobre o câncer? Sim, mas também sobre o desejo que esses jovens têm de desfrutar da vida mesmo sabendo de suas debilidades. É sobre ter que viver com  a presença constante da morte e ainda assim encontrar motivos para seguir adiante. É sobre a amizade, é sobre perdas, é sobre o amor.
Ah, então é uma história de amor? Sim, também! Só que está muito longe de ser um desses romances fofos com um príncipe encantado, fada madrinha e o "foram felizes para sempre".
O livro é triste, mas apesar disso o autor consegue nos passar alguns momentos de alegria ao narrar o lado romântico do amor de Hazel e Augustus. E o leitor vai percebendo o forte que eles conseguem ser, o esforço que fazem para tentar levar uma vida normal, para não se sentir tão fora de lugar, tão fora do mundo! Apesar de viverem à base de remédios e tratamentos fortes, eles viajam, leem, namoram e amam. Apesar de debilitados, desfrutam da vida e de todas as coisas belas que ela oferece.

"você vai... você vai... viver o melhor da sua vida hoje. Essa é a sua guerra agora."

O livro é um tapa na cara daquelas pessoas que se fazem de coitadinhas, que desistem na primeira dificuldade, sem lutar.
Independente do livro ser bem escrito ou não, do autor ter retratado o câncer de forma verossímil ou não, das personagens serem bem construídas ou não, de ser literatura de primeira linha ou não, acredito que,  à sua maneira, conseguiu  passar a mensagem, conseguiu fazer refletir  sobre a efemeridade da vida e a importância de vivê-la plenamente, apesar das adversidades... Apesar de tudo!

O autor:



John Green

Uma prévia do filme que estreará em breve: